lunes, 12 de noviembre de 2007

En memoria de mi Abuela - texto leído en su funeral

14 setembro 2007
Queridos amigos,
Em nome da nossa familia quero agradecer a vossa presença hoje e as vossas oraçoes. É costume na America Latina, que nos funerais a familia se despede com algumas palavras ao seu ser querido. E se me dao licença, é o que desejo fazer hoje.
Quando lemos nos escritos bahá’ís sobre a morte encontramos muitas referencias que nos transmitem ideias como alegria e jubilo. Bahá’u’lláh diz “Fiz da morte uma mensajeira de jubilo”, referencias a alegría, felicidade sem igual…nada do que a nossa sociedade está habituada a referirse ao tema. Mas, pensando na minha avó, creio que isso é totalmente verdade, a sua realidade neste momento é de alegría.
Imagino-a agora abrazada á minha mae e a ser recebida por toda a sua familia.
Bahá’úlláh descreve a chegada ao outro mundo como um acontecimento importante onde os mensajeiros de Deus, os profetas do pasado, as donselas do paraíso saem a receber esta nova alma e pedem para que lhes conte o que se pasou na sua vida.
E sabemos que a Ermelinda – adora – contar historias, e com esta nova realidade, com os seus poderes e capacidades livres deste mundo material, creio que vai delicia-los (como nos fazia a todos nós) com as suas aventuras, as suas viajens, as suas experiencias, os seus sufrimentos.
Creio que vai contar sobre os seus melhores anos: a experiencia de ser mae, encontrar o seu grande amor e vive-lo, conhecer e reconhecer a Bahá’úlláh, ir a Africa. Esses anos que todos a recordam com bom humor, ataques de riso, e sempre, sempre um sorriso na sua cara.
Creio que teve tres grandes relaçoes nesta vida: com a minha mae, com o Mesquita e com o André. Cada um lhe encheu de alegria e felicidade e a amou verdadeiramente e incondicionalmente, esse amor está com ela.
Nao deve ser facil perder um filho, e ela perdeu um, a minha mae, e com isso perdeu o sorriso e a alegria de viver. Nunca pensamos, nem sabiamos que o Alzeihmer existia e quais eram os seus primeiros sintomas, agora teriamos todos actuado diferente. Mas acho que com tanto sufrimento só tornou o seu espirito ainda mais forte.
Avó, os teus ultimos momentos nao foram bons do ponto de vista material, mas acho que foram uma preparaçao espiritual, um crescimento, um empoderamento do teu espirito. De activa passas-te a passiva, de contadora de historia e conversadora viram-te contemplativa. Acho que nesses ultimos momentos o teu espirito cresceu, desenveu-se, preparou-se.
Eu aprendi muito contigo, especialmente agora, á distancia e com prespectiva. Teus, fico com o “mau feitio”, o “mesagran” nos veroes torridos da minha infancia, os lanches de pao com queijo e banana, chegar a casa e ser esperada com um beijo repenicado, o serviço a Fe e aos amigos, receber muita gente e cuidar e servir dos convidados.
E agora estás mais perto que nunca de mim, e agradeco-te pelos sonhos onde me vens visitar, e os conselhos que me sopras ao ouvido, ou as dicas culinarias que me inspiras. Sei que de donde estas me protejes e ás minhas filhas.
Sei que estás aqui ao pé de mim enquanto escrevo estas linhas e que tens o teu bonito sorriso na tua cara, e sei que estás acompanhada dos teus irmaos, da tua queria Aurora, e sinto a tua felicidade porque sei que já encontras-te a tua mae e a minha.
É verdade que tenho saudades das tuas comidas so seu sabor, das tuas historias, das nossas paseatas. Quero agradecer-te os veroes interminaveis, as comidas deliciosas, a casa sempre aberta para nos receber. Obrigada por todas as opçoes que fizeste na vida que impactaram a minha directamente.
Sei que estás bem, feliz, no uso pleno dos teus poderes e capacidades. Sei que nos vamos ver qualquer dia e que me esperarás como sempre, com um festim, com todo o reboliço de receberes gente, com muitos preparativos e coisas deliciosas para comer.
Vamos lembrarnos da Ermelinda pelos sabores da sua comida, pela sua mesa sempre com lugar para todos, da sua alegría e disponibilidade incondicional para servir aos seus amigos, aos visitantes, a todos que se cruzavam na sua vida.
Muito obrigada,

Vanda

No hay comentarios: